Por que não conseguimos nos lembrar dos primeiros anos de vida?

Desde tempos imemoriais, a memória tem sido um campo de estudo fascinante para os cientistas. No entanto, uma das questões mais intrigantes que ainda intriga os especialistas, é porque não conseguimos nos lembrar dos primeiros anos de vida. 

Neste artigo, exploraremos as complexidades por trás dessa aparente lacuna na nossa memória e as teorias que buscam explicar esse fenômeno intrigante. Ficou interessado? Continue a leitura! 

Como é formada a memória do bebê?

É comum acreditar que os bebês têm um organismo tão imaturo que não conseguem lembrar ou distinguir pessoas, mas isso está longe da verdade. Os bebês começam a formar memórias ainda no útero.

A partir do terceiro trimestre de gravidez, o feto está suficientemente desenvolvido para começar a armazenar memórias e experiências. Embora, como adultos, não nos lembremos da sensação de estar no útero ou do momento do nascimento, os recém-nascidos retêm essas lembranças.

Isso ocorre porque as primeiras memórias de um bebê são inconscientes. Eles são capazes de reconhecer as vozes dos pais, alguns cheiros e sensações, mas não sabem de onde vêm. Essas recordações são importantes, pois ajudam o bebê a se adaptar a rotinas e horários.

Durante esse período de crescimento, experiências e memórias são geradas, afetando inconscientemente a personalidade na vida adulta. Por exemplo, se um bebê tem medo de um som ou animal, é provável que esse medo persista, tornando-se um adulto com fobias que parecem irracionais.

Por volta dos três meses de idade, o cérebro do bebê está desenvolvido o suficiente para armazenar lembranças mais conscientes. Suas conexões neurais amadurecem, permitindo que reconheçam rotinas, brinquedos e rostos familiares.

A partir dos nove meses, o desenvolvimento físico e intelectual do bebê permite que ele interaja mais com os outros e se lembre de jogos, objetos e pessoas. Esse desenvolvimento continua, e muitas das memórias formadas nesse período desaparecem gradualmente. 

Esse processo é conhecido como amnésia infantil, explicando por que não temos lembranças dos nossos primeiros anos de vida.

Por que não conseguimos nos lembrar dos primeiros anos de vida?

Durante os primeiros anos de vida, o nosso cérebro está em constante crescimento e desenvolvimento neuronal. Essa fase é marcada por uma produção intensa de novos neurônios, resultando em uma quantidade impressionante de conexões neuronais, até mesmo duplicando em comparação com a idade adulta. 

Embora os bebês não possuam memórias autobiográficas, eles são capazes de formar outros tipos de memórias, como de fatos e de procedimentos. Estudos revelaram que bebês com apenas alguns meses de vida conseguem reter recordações de eventos por meio de atividades simples, como manipular objetos ou executar ações básicas.

Entretanto, a capacidade de recordar eventos específicos parece diminuir com o tempo, influenciada pela idade e pelo treinamento. Essas lembranças, embora presentes, têm um período limitado de retenção.

A amnésia infantil, caracterizada pela incapacidade de lembrar eventos dos primeiros anos de vida, é atribuída a diversos fatores. Um deles é o desenvolvimento tardio do senso de si mesmo, que só começa a se formar por volta dos 18-24 meses de idade. 

Além disso, a ausência de linguagem nessa fase impede a criação de narrativas sobre as próprias experiências. Também é importante notar que o hipocampo, a região do cérebro responsável pela memória, ainda não está completamente desenvolvido nos primeiros anos de vida.

Portanto, a amnésia infantil é resultado de uma interação complexa entre o desenvolvimento acelerado do cérebro, a falta de habilidades narrativas e o amadurecimento gradual do senso de si mesmo durante a infância.

Se você achou interessante entender como o desenvolvimento cerebral influencia a nossa capacidade de lembrar os primeiros anos de vida, compartilhe esta matéria!